Por Manoela Leão com colaboração de Kátia Michelle
Seja no céu, na terra, no mar ou no espaço, no tempo marcado por adrenalina e pulsação, cada segundo importa. E muito!
Dentre as tantas versões que atestam a criação do relógio de pulso, uma delas fala sobre a necessidade do inventor, aeronauta e esportista brasileiro Santos Dumont. É a clássica narrativa de que a necessidade é a mãe da inventividade.
Com problemas para cronometrar o tempo dentro de uma de suas maiores invenções – o avião –, ele teria pedido a um amigo joalheiro para adaptar o já tradicional relógio de bolso e fixá-lo ao pulso, artefato até então usado dessa forma apenas por mulheres. Com um marcador grande e contrastante, ele teria mais praticidade para saber quanto tempo duravam as suas aventuras no ar com apenas uma olhada. Começava aí uma estreita e recorrente relação entre relógios de pulso e grandes aventuras.
Ao longo da história, as grifes foram muito além de criar peças para simplesmente marcar segundos, e passaram a implementar funções importantes para aventureiros e desbravadores no céu, no mar, em terra e até no espaço.
Além de contar as horas, os relógios de pulso ganharam cronômetros, altíssima resistência à água, bússolas e vários incrementos para auxiliar quem tem verdadeira paixão por adrenalina e não pode renunciar a preciosismos para acompanhar as mais impetuosas proezas.
A Rolex, por exemplo, conquistou, com um suntuoso cronômetro, a primeira certificação da Escola de Horologia da Suíça para um relógio de pulso. A marca lançou também o primeiro relógio à prova d’água da história – Rolex Oyster, por volta de 1926. A peça é um grande case de marketing do mercado, já que para provar a sua credibilidade foi exposta em uma vitrine dentro de um aquário, chamando a atenção do público que era particularmente cético com a novidade à época.
Como se nota, uma coisa é afirmar que um relógio é impermeável, outra é apresentar as provas. Em 1927, quando se preparava para atravessar o Canal da Mancha a nado, a jovem nadadora inglesa Mercedes Gleitze levou no pulso outro exemplar do Rolex Oyster. A travessia durou 10 horas e, quando terminou, o relógio continuava a funcionar perfeitamente. O feito foi amplamente registrado e divulgado ao mundo.
Pouco tempo depois, a Rolex já era certificada internacionalmente pelos cronômetros marítimos de alta precisão. Nascia, assim, o primeiro relógio de pulso com status de cronômetro e começava uma grande afinidade com o gosto pela adrenalina.
A vida imita a arte (ou vice-versa)?
Não é à toa que a Rolex virou parceira oficial da clássica série James Bond, cujo personagem ostentava um Rolex Oyster Perpetual e um Rolex Submariner nos filmes em que o ator Pierce Brosnan era o protagonista. A saga de mostrar relógios como aliados fundamentais de aventuras de um dos personagens mais famosos da sétima arte continuou com a Omega promovendo outras peças na série.
E não é de hoje que toda essa tecnologia é reverenciada nas telas, com parcerias entre estúdios de cinema e marcas famosas. Foi na década de 1970, por exemplo, que a Tag Heuer passou a consolidar sua relação com o cinema. O consagrado ator Steve McQueen usou o que se tornaria um dos relógios mais icônicos do cinema no filme As 24 horas de Le Mans (1971). O protagonista ostentava a peça enquanto dirigia o Porsche a uma velocidade superior a 300 km/h. Pura adrenalina!
Além de raro e associado às pistas, o Heuer Mônaco 1133 foi um dos primeiros relógios de pulso com cronógrafo automático. Ele foi lançado em 1969 e a marca anunciou que a integração do relógio ao figurino do filme teria sido uma exigência do próprio ator. O relógio voltou a causar alvoroço no ano passado quando foi leiloado em ótimas condições e com a inscrição gravada no verso da peça: uma dedicatória ao amigo, mecânico-chefe do filme e mecânico pessoal de McQueen, Haig Alltounian, ainda intacta.
Movido pela antiga relação entre inovação e automobilismo, hoje, o recém-lançado cronógrafo TAG Heuer Carrera Porsche é, novamente, a união perfeita dos universos Porsche e TAG Heuer. Um emblemático relógio em aço com inúmeras referências aos códigos Porsche – cor e efeito de asfalto; numerais arábicos que sugerem o painel do veículo; e pulseira em couro com modernas costuras que remetem ao interior do carro – foram trazidas especialmente para esse relógio, e celebra perfeitamente a paixão pelas pistas.
Marcas de peso
Sejam clássicos, raros, luxuosos ou “apenas” extremamente funcionais, de Omega a Cartier, Tag Heuer a Rolex, Breitling a Victorinox, as grifes acompanham o tempo em seus lançamentos e ajudam quem quer sair da rotina e se aventurar em desafios. E, por falar em desafios, o Omega Speedmaster, primeiro relógio a chegar à lua, em 1969, e classificado pela Nasa como o único relógio a suportar condições do ambiente espacial, é um dos maiores representantes desse espírito.
Conquistas e condições extremas é o que move também os melhores atletas do mundo. Nos Jogos Olímpicos de Tokyo, a Omega é, novamente, cronometrista oficial, registrando cada momento de glória – e cada sonho – pela 29.ª vez na história dos Jogos. Em 1959, o tempo já era registrado ao centésimo de segundo, chegando a milionésimo de segundo em 2012 – uma precisão impressionante para a história da cronometragem.
Agora, uma equipe de profissionais de cronometragem é auxiliada por cerca de 450 toneladas de equipamentos, que vão de scanners e pistolas de partida a touch pad na piscina – que permite que o nadador pare o relógio com a mão na linha de chegada. Tudo com o objetivo de proporcionar resultados perfeitos aos melhores competidores do mundo.
Abaixo das ondas, acima das nuvens!
Já a Victorinox, célebre por seus canivetes suíços, desde 1989 fabrica relógios com excelentes opções para o mergulhador de águas profundas, em que o timing milimétrico é questão de vida ou morte. A linha Maverick une experiência técnica e design inovador com a segurança em ambientes de alta pressão – o relógio tem resistência até 100 metros abaixo do nível da água. Os modelos contam com um bezel unidirecional – função desenvolvida para registrar o tempo exato debaixo d’água. A elegância é outra característica inseparável da marca em qualquer ambiente.
Do mar ao céu, quando os pioneiros da aviação necessitaram de instrumentos fiáveis e eficientes, adotaram rapidamente os cronógrafos de bolso e, posteriormente, a versão de pulso Breitling – empresa suíça fundada em 1884. Era apenas o início de uma parceria icônica. No início dos anos 1930, apoiando-se na sua enorme reputação de precisão e robustez, a marca introduziu, em sua linha de produtos, uma especialidade que lhe conferiria êxito mundial: os cronógrafos de bordo destinados aos cockpits dos aviões.
Esses instrumentos, indispensáveis à pilotagem, alcançaram um grande sucesso junto a diversas forças aéreas mundiais. Ao longo dos anos 1950 e 1960, a Breitling foi uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento da aviação comercial, equipando os aviões a hélice e, em seguida, os jatos de inúmeros fabricantes e companhias aéreas com os seus cronógrafos de bordo. Foi assim que a marca se tornou “fornecedora oficial da aviação mundial”.
Até os dias de hoje, a Breitling perpetua esse vínculo autêntico e privilegiado com a aeronáutica, colaborando com a elite mundial dos pilotos. Seus mais fiéis seguidores são pilotos de todo o planeta – de militares a comerciais ou esportivos e acrobáticos em manobras de tirar o fôlego.
Na sequência de seu popular Navitimer Ref. 809 1959 Re-Edition, a Breitling continua a aumentar sua oferta de relógios inspirados em modelos vintage para pilotos. O mais recente é o AVI Ref. 765 1953 Re-Edition, canalizando o design do relógio Co-Pilot original dos anos 1950.
Um relógio deve suportar todas essas adversidades para ser um companheiro de peso e identificar as melhores oportunidades para testar, aperfeiçoar e divulgar o desempenho técnico em diversas áreas. O universo dos esportes, da aviação, do automobilismo e das expedições é um autêntico laboratório para os inúmeros atributos técnicos dos inseparáveis relógios de pulso.