E há, no fundo, como vencer o niilismo existencial dos nossos tempos?

Acreditar no vazio e na subjetividade de viver. Resumidamente, este é o niilismo existencial, ideologia que pode estar ganhando espaço no mundo contemporâneo. Neste artigo, vamos explicar o que significa este conceito, sua história, características, formas e principais filósofos que o defensoram.

Vamos mostrar, ainda, o que fazer para não deixar que o niilismo tome conta de seu dia a dia. São atitudes simples que se colocadas em prática pode deixar sua vida mais prazerosa, colorida e gostosa de ser vivida. Vamos juntos nesta jornada de aprendizado?

No niilismo, tudo é falso e artificial

O niilismo vem do termo latim “nihil” que significa “nada”. E a sua definição é rejeitar qualquer coisa que tente explicar o sentido da existência humana.

O niilismo surgiu na Alemanha, no século XVIII, como uma nova abordagem frente à vida. Ou melhor, a ausência dela. Era uma negação à vida. Ou seja, o indivíduo niilista encarava a própria existência com indiferença, criticando tudo o que há a sua volta por acreditar que tudo é falso e artificial.

Antes da Revolução Francesa, surgiram os primeiros grupos niilistas, que não eram nem a favor, nem contra à Revolução. No entanto, foi o filósofo Friedrich Nietzsche que caracterizou o niilismo como um princípio desorganizador que arruína as instituições e os valores, que até então moldavam a vida em sociedade.

Para ele, o niilismo existencial nada mais era que um sintoma do adoecimento do homem. Vale lembrar que a discussão sobre o niilismo se expandiu, principalmente, após a Primeira Guerra Mundial.

Além de Nietzsche, outros filósofos associaram o niilismo à desorientação, insegurança, angústia e tédio. Ou seja, tudo que leva alguém a viver o desprezo e o ressentimento pelos diversos aspectos associados ao mutável e sensível.

Conhecer, então, quem foram os principais filósofos do niilismo e suas convicções:

  • Friedrich Nietzsche (1770-1831): niilismo ativo e libertação do homem;
  • Arthur Schopenhauer (1788-1860): abdicação de toda vontade;
  • Martin Heidegger (1889-1976): uma compreensão do ser humano;
  • Friedrich Hegel (1170-1831): conhecimento sem limite.

Correntes e características do niilismo existencial

As correntes filosóficas do niilismo operam de forma muito cética e pessimista sobre as interpretações acerca da realidade. É um composto de ideias de vazio, da falta de verdades absolutas e de explicação para a existência. Entenda cada um delas:

  • Falta de sentido: nada explica nem justifica o fato de existirmos;
  • Ausência de fundamentação metafísica: nada dá sentido à nossa existência, mesmo que seja uma explicação que ultrapasse aquilo que poderia ser percebido por meio dos sentidos;
  • Ceticismo: há dúvida constante de tudo, além de negação de conhecimentos que são tidos como certos;
  • Pessimismo: sobressaem os aspectos negativos da realidade em relação aos pontos positivos;
  • Ausência de verdades absolutas: não existe o conceito de verdade absoluta ou algo em que se possa apoiar para dar sentido à existência;
  • Independência da religião e do Estado: a felicidade do homem não pode depender da religião e de seus valores, tampouco do Estado e de seus juízos.

Além disso, por contar com uma corrente conceitual ampla e estar presente na teoria de variados pensadores, o niilismo existencial é classificado em quatro tipos de acordo com o filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995):

Niilismo negativo

É a negação do mundo diante dos valores. O niilista acredita que Deus o vê como um escolhido para transportar ao mundo da verdade e do bem. E acredita em uma vida após a morte.

Niilismo reativo

O niilismo reage contra a religião e a concepção de paraíso dada pelo cristianismo. Aponta a ciência como alternativa viável para solucionar os problemas da vida. E a construção da felicidade no mundo material.

Niilismo passivo

Foge de tudo aquilo que é Deus e humano. É a expressão do pessimismo: nada existe, nada vale a pena, é a descrença total da existência das coisas.

Niilismo ativo

Ocorre quando a negação nega-se a si própria. Pode ser explicado como um processo de cansaço de se opor à vida. É o retorno à existência humana.

Mas, afinal, como vencer o niilismo existencial dos nossos tempos?

niilismo existencial

Diante de tantos acontecimentos vividos por uma pessoa ao longo da vida, como crises humanitárias, econômicas e sociais, pandemias e desastres naturais, a desestabilização emocional é praticamente certa em algum momento.

A sensação de angústia tende a aumentar na medida em que somente se vê essa avalanche de fatores externos que fogem do controle. Mas, por mais que possa fazer sentido de um ponto de vista lógico, há sim, no fundo, como vencer o niilismo existencial.

A recomendação para se distanciar do niilismo é priorizar a soma de aspectos positivos que podem dar sentido à vida. É possível recomeçar a caminhada todos os dias, apesar das dificuldades e turbulências. Um dos caminhos é você ser grato pelas chances que a vida oferece.

E claro, há outras formas de fazer com que estes pequenos gestos, no final, somem um grande resultado. Veja algumas ideias:

  • Ocupar a mente com pensamentos edificantes;
  • Encontrar tempo para usufruir da natureza;
  • Mexer o corpo estabelecendo uma rotina de exercícios físicos;
  • Praticar esportes,
  • Ter um hobbie;
  • Adotar e cuidar de um bicho de estimação;
  • Tentar encontrar identificação em outras correntes filosóficas;
  • Exercer sua criatividade e imaginação doando-se a um trabalho voluntário;
  • Conversar e trocar ideias com pessoas que pensem diferente de você;
  • Brincar com crianças;
  • Fazer uma coleção de objetos;
  • Visitar exposições de artes;
  • Ir ao teatro e ao cinema;
  • Aprender um novo idioma;
  • Dançar;
  • Ler bons livros;
  • Namorar;
  • Viajar;
  • Observar as estrelas;
  • Descobrir suas principais forças e qualidades e usá-las a seu favor;
  • Estar mais vezes com os amigos;
  • Telefonar para familiares que não vê faz tempo;
  • Aprender a tocar um instrumento musical;
  • Se afastar um poco das redes sociais. Porque elas intensificam o processo de achar as coisas difíceis, já que provocam uma constante comparação com outras pessoas;
  • Fazer um curso sobre um tema que você sempre se identificou.

Estas são apenas algumas ideias que ajudam a dar mais brilho aos dias e fazem a vida se encher de sentido!

Gostou da reflexão? Aproveite então o momento e leia mais artigos da nossa editoria de cultura.

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