semana de arte moderna

Semana de arte moderna de 1922 é celebrada em exposição no MAM

A Semana de Arte Moderna, de 1922, é um grande marco para o cenário artístico brasileiro. Ela é reconhecida como um movimento revolucionário para as artes, em todos os seus segmentos. A transmutação dos padrões artísticos tradicionais, em grande parte europeus, originou maior aproximação com a cultura e vida locais. Isso valorizou as cores, texturas, materiais e processos artesanais tipicamente brasileiros.

O Modernismo brasileiro deve ser analisado de uma forma ampla, passando pela diversidade cultura de cada região do Brasil. Já a Semana de Arte Moderna é um fenômeno paulistano e urbano, diretamente ligado aos processos de industrialização, da migração europeia e do crescimento urbano, presentes na São Paulo da década de 1920.

Em 2022, comemora-se o centenário deste evento marcante para a história brasileira. Isso acontecerá a partir de reflexões sobre a arte contemporânea, lado a lado, com a arte modernista. O que mudou de 1922 para 2022? Acompanhe o conteúdo, a seguir, e conheça mais sobre a Semana de Arte Moderna, além das comemorações do centenário, em São Paulo. Vamos lá?

Semana de Arte Moderna de 1922: o evento que marcou o século XX

A 1ª Guerra Mundial ocorreu de 1914 a 1918, sendo a primeira guerra do século XX. Foi ocasionada por questões que envolviam o cenário político, econômico, territorial e armamentista entre países europeus e seus aliados. Gerou muita morte, pobreza e traumas psicológicos para os participantes e toda a comunidade envolvida.

A Semana de Arte Moderna ocorreu em um contexto de pós-guerra, onde o mundo se recuperava, renovando as estruturas mentais e psicológicas da sociedade. Este evento foi organizado por um grupo de artistas e intelectuais que propuseram uma ruptura com o tradicionalismo cultural, vigente na época. Este tradicionalismo envolvia a arte acadêmica, o simbolismo e o parnasianismo, fortes na época. Essa ruptura foi proposta durante as comemorações do centenário de Independência do Brasil (1822).

A poesia, além de escrita, passou a ser também declamada. As orquestras sinfônicas passaram a ser acompanhadas por cantores. E as maquetes de projetos arquitetônicos passaram a compor as exposições de artes plásticas. Antes desse evento, a elite brasileira era fortemente influenciada pela estética conservadora europeia.

A Semana de 22 foi realizada de 13 a 17 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo. Ela contava com a exposição de 100 obras de arte e três sessões diárias de música e literatura. As artes plásticas formaram a base artística da Semana

A Europa passava por um período de vanguarda artística (cubismo, futurismo, construtivismo) que influenciou todo o processo modernista brasileiro, diferenciado por retratar a diversidade cultural brasileira.

A arte crítica, reflexiva sobre questões sociais, culturais e políticas, ganhou espaço com a Semana de Arte Moderna. O movimento convidava o público a criar formas de leitura da vida.

Nesse período, o Brasil vivenciava a República Oligárquica, um movimento era caracterizado pela política do café com leite. Este procedimento político determinava a alternância do cargo de presidente da república entre São Paulo e Minas Gerais. Os dois estados eram os mais poderosos na época (1898 a 1930).

Fatos inusitados ocorreram, pois a elite paulistana não estava preparada para formas de pensar tão impactantes. Por exemplo, quando o músico Heitor Villa-Lobos apresentou-se com um dos pés vestido por um chinelo, o público considerou uma falta de respeito. Este fato causou uma intensa leva de vaias da plateia para o músico.

A Semana de 22 inaugurou a arte que incomoda, que tira do comum e convida o espectador a repensar seus posicionamentos.

A Semana de Arte Moderna influencia a arte brasileira até os dias atuais, tendo possibilitado o surgimento de outros movimentos. São exemplos mundialmente reconhecidos como expressão da cultura brasileira: a Bossa Nova e o Tropicalismo.

Tarsila do Amaral: expoente da pintura modernista

Tarsila fazia parte da alta sociedade paulista, tendo nascido no interior e vivido grande parte de sua juventude na capital. Pintou seu primeiro quadro aos 16 anos, concluindo seus estudos em Barcelona. Em 1920, divorcia-se de seu marido (com quem teve uma filha) e passa uma temporada na França. Neste tempo, ela participa, em 1922, do Salão Oficial dos Artistas da França.

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Ao retornar para o Brasil, ainda em 1922, conhece Oswald de Andrade, Anitta Malfatti, Mário de Andrade e Menochi Del Picchia, formando o Grupo dos Cinco. Tarsila é uma grande representante do Movimento Antropofágico, uma das vertentes mais radicais do Modernismo. Esse movimento propôs a metáfora da deglutição da arte europeia. A ideia era gerar uma nova estética para a arte brasileira.

Mário de Andrade: expoente da literatura modernista

Um dos maiores representantes da literatura modernista, Mário de Andrade escreveu obras que marcaram a história brasileira. Ele é autor de clássicos como Macunaíma e Paulicéia Desvairada.

O movimento artístico anterior, o Parnasianismo, era caracterizado pelo formalismo da linguagem. A literatura modernista é fortemente marcada pelo coloquialismo. Ele trouxe a expressão da cultura brasileira e auxiliou a criação da identidade nacional.

Mário de Andrade contribuiu com publicações em diversos veículos de imprensa, como A Gazeta, Folha de São Paulo e Diário de São Paulo. Foi fundador do Departamento de Cultura de São Paulo, por ser um especialista do universo artístico brasileiro.

Comemoração do Centenário da Semana de Arte Moderna

Celebrando o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, o MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo) promove exposições. Uma delas é o “Desafios da modernidade – Família Gomide-Graz nas décadas de 1920 e 1930”, até agosto de 2021. A curadora, Maria Alice Milliet, apresenta pinturas, painéis, móveis e afins de artistas modernistas que foram referência do art decó nacional.

Antônio Gomide, John Graz e Regina Gomide Graz são os artistas modernistas com obras expostas. Eles trazem uma visão artística que une arte visual e design. A Casa Modernista, atual museu paulistano, foi construído pelo arquiteto Gregori Warchchik, com colaboração de Jhon e Regina (móveis e decoração).

A bela arquitetura funcional, com linhas retas, geométricas, apresenta uma estética minimalista, característica da Bauhaus.

Toda a programação do Centenário pode ser acompanhada pelo site do Governo do Estado de São Paulo, que apresenta as atrações que ocorrem ao longo dos anos de 2021 e 2022.

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