Escultura Cinética

4 gemas da escultura cinética para apreciar e se encantar

Imagine que você está andando por uma galeria de arte e se depara com uma obra instigante, que cativa o olhar e envolve seus sentidos. Ao se aproximar, você percebe que cada movimento traz nova vida e significado para a obra. Esta é a essência da escultura cinética. 

O cinetismo é uma manifestação do fascínio pelo movimento que define toda uma área da arte moderna, desde o impressionismo. Ao criarem obras de arte que se moviam ou davam a impressão de movimento – desde esculturas móveis e mecânicas até pinturas de Op art que parecem vibrar diante dos olhos –, os artistas cinéticos ofereceram algumas das expressões mais quintessenciais da arte moderna e inspiram novas obras instigantes na atualidade.

A seguir, explore conosco a rica tapeçaria que compõe esse tipo de arte, se aprofundando no fascinante mundo da escultura cinética, suas particularidades, história e algumas das gemas recentes mais admiráveis para apreciar e se encantar.

Escultura cinética: um conceito em movimento

Derivado da palavra grega kinesis, que representa movimento ou mudança na filosofia aristotélica, a arte cinética refere-se a obras que apresentam movimento real ou aparente.

Sendo assim, em sua essência, as esculturas cinéticas são obras de arte que envolvem movimento. Elas se movem, giram, convidam à interação e parecem ter vida própria.

Embora a maioria das esculturas cinéticas utilize eletricidade, vento, água, ar ou magnetismo, algumas alcançam o cinetismo através de uma ilusão de ótica, incentivando uma experiência interativa para o espectador.

Com isso, esse tipo de obra infunde nos espaços que habita a energia palpável do movimento – uma forma de arte em constante fluxo, espelhando o movimento perpétuo da própria vida.

Entretanto, a escultura cinética é mais do que apenas sinônimo de arte em movimento, como veremos a seguir.

Quando a arte encontra a física

A escultura cinética não é apenas um produto de grande criatividade artística – ela também é um testemunho das leis da física.

Esse tipo de obra é construída sobre princípios de equilíbrio, movimento e, às vezes, até mesmo da força de elementos como o vento ou a água.

Então, se você já pensou que arte e ciência eram dois campos distintos, a escultura cinética demonstra que eles podem, de fato, formar uma bela parceria.

A magia do movimento

O que realmente diferencia a escultura cinética é a sua capacidade de movimento. Algumas podem ter peças que giram ou balançam. Outras podem usar o poder sutil do magnetismo para criar esse efeito.

Em qualquer caso, cada movimento é cuidadosamente planejado e executado para dar vida à obra de arte, transformando-a em um espetáculo dinâmico que é tão fascinante de assistir quanto complexo de criar.

O coração mecânico da escultura cinética

No cerne das esculturas cinéticas está a mecânica que impulsiona seu movimento. Isso pode variar desde simples engrenagens e alavancas até sistemas eletrônicos complexos.

A mecânica costuma ficar escondida de maneira inteligente na obra de arte, fazendo com que o movimento pareça orgânico e até quase mágico. Mas não se engane: cada movimento é resultado de um projeto mecânico meticuloso.

Assim, a arte cinética dá vida ao inanimado, fazendo seu coração pulsar ao transformar materiais comuns em um espetáculo de movimento e admiração. 

Breve histórico de uma arte dinâmica e pulsante 

Agora que sabemos o quão extraordinária essa forma de arte pode ser, vamos voltar no tempo e descobrir mais sobre as raízes intrigantes da escultura cinética, que tem uma história tão fascinante quanto as próprias obras. 

Primeiros movimentos 

Embora a expressão “arte cinética” possa parecer bastante moderna, o conceito de incorporar movimento à arte remonta a séculos.

Dos sinos de vento das civilizações antigas aos intrincados mecanismos vistos no Renascimento, o desejo de infundir vida através do movimento faz parte do desejo e da criatividade humana há muito tempo.

No entanto, foi só no século XX que a arte cinética começou a assumir a sua forma mais contemporânea.

O que move o século XX na arte cinética? 

O século XX foi um período de rápidas mudanças e inovações, e a arte não foi uma exceção. Os artistas, então, começaram a experimentar o movimento, levando ao nascimento da arte cinética como a conhecemos.

Artistas como Naum Gabo e Alexander Calder estão entre os pioneiros que começaram a criar esculturas que se moviam, marcando uma mudança significativa no mundo da arte. Essas esculturas cinéticas trouxeram uma dimensão totalmente nova à arte, transformando-a de estática em dinâmica.

E, sem dúvida, um dos expoentes mais famosos da arte cinética é Jean Tinguely, um pintor e escultor suíço que viveu de 1925 a 1991. Tinguely era fascinado pelo movimento e como esse poderia afetar como um objeto é visto. Por isso, ele adorava utilizar motores acoplados para fazer com que objetos em suas obras girassem e até fossem autodestruídos.

Tecnologia e arte movendo-se em conjunto

Ao passo que novas tecnologias surgem e avançam, a arte cinética também vai se transformando.

Há alguns anos, os artistas começaram mais intensamente a incorporar motores elétricos, luzes e até programação de computadores em suas obras, ultrapassando os limites do que era possível nesse campo. Esta exploração da tecnologia na arte continua até hoje, inspirando criações e novas maneiras de incorporar movimento e mecânica nas obras.

A tendência é que, cada vez mais, linguagens de programação, Inteligência Artificial e robótica, por exemplo, sejam aliadas na criação de esculturas cinéticas que respondem ao ambiente e à sua dinamicidade.

4 gemas da escultura cinética

A seguir, encante-se com alguns dos expoentes mais notáveis da escultura cinética e com os elementos fascinantes que tornam essas obras únicas. 

1. Rain Room, do Random International

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Essa é uma escultura cinética tangibilizada em uma instalação interativa em ambiente imersivo que utiliza sensores de movimento 3D para criar uma chuva artificial que para de cair ao redor das pessoas, permitindo que elas caminhem pela “chuva” sem se molhar.

A obra oferece aos visitantes a oportunidade de se ter uma nova perspectiva sobre como seus sentidos se relacionam com o ambiente ao seu redor e, também, fornece um convite para se experimentar o que parecia impossível: a capacidade de controlar esse fenômeno tão potente – a chuva. 

Há algo incrivelmente impactante em apresentar algo que todo mundo já experimentou muitas vezes, como a chuva, e fazer com que pareça novo e estranho, fazendo as pessoas questionarem o que estão sentindo. A aparência dramática das luzes lançadas sobre a chuva, o som estrondoso da água atingindo o solo – tudo isso é muito envolvente e eficaz para fazer o público refletir sobre o que seus sentidos estão lhes dizendo e porque isso acontece.

A Rain Room foi criada pelo Random International, um estúdio colaborativo para prática artística experimental, que utiliza a ciência e a tecnologia para criar obras que objetivam questionar e desafiar a experiência humana em um mundo cada vez mais mediado pela tecnologia.

2. Strandbeests, de Theo Jansen

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O holandês Theo Jansen é um escultor cinético que transcende as fronteiras tradicionais entre arte, engenharia e biologia.

A partir de seus conhecimentos acadêmicos em física, ele criou os Strandbeests – estruturas grandes e autônomas que se parecem com criaturas orgânicas e complexas, que se movimentam pelas areias litorâneas. 

As extraordinárias criações de Jansen, que ele descreve como “uma nova forma de vida” são um encontro entre a natureza, a tecnologia e a arte cinética, resultando nesses “seres” fascinantes, capazes de responder às condições ambientais.

Construídas a partir de materiais cotidianos, como tubos e garrafas de plástico, as maravilhosas esculturas em grande escala são impulsionadas pelo vento, fazendo com que o bater rítmico das “pernas” e das velas em formato de asas contra o vento sejam um deleite para os olhos e para os ouvidos.

O artista vem trabalhando nessa série magistral há mais de 20 anos. Com isso, existem, inclusive, diferentes gerações de Strandbeests classificados em períodos de tempo semelhantes às eras geológicas, que refletem suas características particulares – todas desafiando as nossas percepções de vida, de movimento e das possibilidades da criatividade humana.

3. Momentum, do United Visual Artists (UVA)

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Essa obra combina luz, som e movimento, respondendo às ações do público para criar uma experiência imersiva e cinética, que explora a tensão entre o movimento sintetizado e o natural.

Em nosso dia a dia, somos expostos a um grande volume de ruídos sonoros e visuais. Com Momentum, somos convidados a um lugar onde, por um certo período de tempo, podemos nos perder e nos encontrar em um momento, tornando essa uma experiência única e hipnótica. 

4. Wind Arbor, de Ned Kahn

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Essa escultura cinética está localizada em Calgary, no Canadá, e consiste em uma série de pás movidas pelo vento que criam um padrão visualmente fascinante e em constante mudança.

Assim como boa parte das obras de Kahn, essa envolve capturar um aspecto invisível da natureza e torná-lo visível. 

Amplificando a natureza e fazendo uso da energia cinética ativada, Wind Arbor conscientiza sobre a natureza que nos rodeia e complementa com harmonia o espaço em que está ao mesmo tempo que envolve intensamente o público com seu efeito visual tão singular e cintilante que proporciona a sensação de que estamos observando a forma do próprio vento.

Essas gemas movimentaram o seu interesse por escultura cinética? Para fascinar-se com outras obras e artistas, continue acompanhando os conteúdos de arte de nosso blog.

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